Já dizia Caymmi em sua canção: “Andei por andar, andei e todo caminho deu no mar”.
Sou do litoral da Paraíba. Desde criança, aos finais de semana sempre estávamos na praia, eu, meus pais e irmãos em uma associação a qual meus pais eram sócios. Então, cresci ao lado do mar. Desde a adolescência tinha o hábito de caminhar à beira-mar, sempre que íamos à praia. O mar sempre me trouxe muitas sensações, também em sonhos. Tenho um sonho recorrente com o mar, que sempre antecede períodos de grandes mudanças na minha vida.
Nunca pensei que um dia fosse morar no interior, longe da praia. Hoje estou adaptada, mas no início sentia muito de ter que fazer todo um planejamento e ter que viajar quilômetros para ver o mar. O mar não era mais, literalmente, aquele meu infinito particular.
Quando fui morar no interior do Rio Grande do Sul por um período, eu sonhava frequentemente com o mar, e estávamos a mais o menos 700 km do litoral. Quando vim morar no interior de SP acontecia à mesma coisa, por um longo período foi assim, muitas vezes acordava com o barulho forte da onda quebrando em meu sonho, e ao acordar, por um segundo eu achava que o mar estava ali bem próximo mas era apenas sonho. Minha memória estava ancorada à beira-mar. A verdade é que o mar está dentro de mim.
Esta semana tive a alegria de apresentar o mar a nossa filha, no auge dos seus quase 9 meses de vida. Surpreendente é o mundo da criança, o mundo palpável, que precisa tocar para conhecer. Ela ficou encantada com o movimento das ondas: vir, inundar e depois retornar; Com a areia molhada e escura entre as mãos e a água que surgia cada vez que ela cavava o chão. Deu gargalhadas com as ondas molhando seus pequenos pés. Com o olhar expressivo ela procurava compreender aquele movimento, aquela imensidão.
E assim vivemos histórias e criamos memórias. Juntas à beira-mar, vivendo a nossa história e recordando a minha. Registrado no coração e também em fotografia.
Praia da Enseada, Ubatuba-SP.
(Esta praia é ótima para levar as crianças).
Ah esse sangue de poeta. Estes olhos da alma que capturam tudo o que muitos não vêem. A onda quebrando no sonho. Estas palavras e reflexões junto à Maria Flora chegaram hoje e me inundaram o dia de beleza. Seu bisavô, o poeta Octávio Pinheiro Filho, estaria muito feliz de ler você.
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Gratidão Tia, que bom que gostou e tocou seu coração. Queria ter conhecido meu bisavô Otávio 🙂 super beijo pra ti
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Minha amiga linda ! Adorei o post e como é bom saber que também se conecta com o mar .. e foi assim que nos conectamos em Noronha certo ? Ahhh o mar ., 🙂
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Verdade, eu sempre viajando para conhecer outros mares, e você também. Saudades, beijos
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Não sei se por morar numa cidadezinha de interior encravada numa região de serras, tenho o mesmo sentimento quando vejo todo o verde e a imensidão das montanhas pelo quintal de casa. É um cordão umbilical que se parte quando deparamo-nos com a situação de deixar o ambiente que nos cria.
Abraço.
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É verdade, uma feliz analogia você fez, como se cortassem o cordão umbilical, porém sempre haverá uma ligação forte com as nossas origens, a nossa terra. Grata pelo comentário e leitura. Abraço.
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