Autenticidade nestes dias é uma raridade. Todos querem seguir os padrões estabelecidos; Ser aceito é um desejo íntimo e humano. E se aceitar é difícil, não vou dizer que é fácil por que sabemos que não é. Para ser você é preciso trilhar um caminho. Se conhecer. Questionar-se, desacomodar-se, movimentar-se, desnudar-se. Descobrir-se. Como ser alguém que você não sabe quem?
Mais fácil ser o que vemos fora, o que nos dizem pra ser. Seguir os padrões é cômodo e traz a ilusão que somos aceitos. Será? Como? Se nem somos nós mesmos? É preciso, primeiramente, Ser. Adaptar-se às ondas dos tempos e aos ventos sem perder o que há no Eu mais profundo. Faz parte da arte de viver.
Ser o outro não é possível. É mais uma fuga. Deslegitimando a nossa existência. Desconectando da essência; Desperdiçando nossa potência. Dificultando, assim, o nosso encontro com a verdadeira liberdade. Ser é um ato revolucionário; E simples como a natureza. Sentir o que você é e transbordar para si mesmo. É como um rio que flui na direção de si todas as águas de dentro fazendo seu ciclo natural: limpando, movendo e mostrando a terra e as pedras ao fundo; Às vezes com quedas em seu curso. O rio de dentro também segue seu fluxo, com cheias e às vezes escassez de águas.
Ser é um exercício de se conhecer e construir-se ao mesmo tempo, movendo-se na direção de dentro. Abraçar-se a cada descoberta, tristeza, frustração, negações; Essa Sou Eu. Apossar-se de si mesmo. Que bom que estou aqui, sentindo e aceitando o que existe em mim. Imperfeita, porém livre. Uau! Finalmente: autêntica, verdadeira, fidedigna. Libertou-se dos anseios dos outros, para seguir o seu próprio caminho. Encontrar o seu caminho é encontrar a si. Que trabalheira sem fim. Talvez, um trabalho e uma busca de uma vida inteira. E que esta, seja realmente inteira, bem melhor que uma vida pela metade que, neste caso, pra mim é o mesmo que o fim.
(Lua Cheia, 06.08.2020)

Gostei, só faço uma ressalva:
“… Ser o outro não é possível…”, realmente, o máximo que se pode fazer, é usar da empatia, para ao menos ter uma idéia do que o outro está passando… e assim tentar compreender melhor…
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Verdade tio. Falei “ser o outro” mais no sentido de querer ser do jeito do outro e negar a si mesmo. Cada um é único e podemos ser autênticos e empáticos também. Grata pelo seu comentário aqui. Importante essa nossa troca. Abraços a todos aí. Parabéns vovô de segunda viagem.
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