Madalena cansou da hipocrisia
E cortou laços.
Mais uma vez foi julgada.
Mas não há empatia que resista ao falso.
Madalena enxergou que seu tempo é escasso
Ela precisa prover o essencial.
Madalena, então, guardou todas as pedras
Não fez castelo algum
Pois não tem tantas habilidades manuais.
Ela fez um ladrilho em seu chão
E caminhou melhor.
Madalena se libertou e apenas foi viver
Dizem que ela é feminista por isso
Talvez ela seja apenas e simplesmente feminina
E não siga as regras sociais pré estabelecidas.
Pois Madalena refletiu: Quem as estabeleceu?
Madalena escreve, e com a escrita remexe estruturas arcaicas, sociais, políticas.
Madalena ocupa seu lugar de fala.
Os incomodados se retiram realmente incomodados.
Não resistem ao diverso,
Seu falso moralismo os cega de tal forma
Que é absurdo Madalena escrever, falar e fazer o que quer.
Madalena recebe conselhos para apagar o que publica ou escreve
Ora, não fica bem para uma mulher, Madalena.
Quem é ela? Não tem quem dome Madalena?
Madalena retomou as rédeas da sua vida
E desmascarou, sem querer, os conservadores
Este nunca foi seu objetivo.
Seu objetivo era escolher seu caminho.
Mas as máscaras ficaram espalhadas pelo chão
Os papéis e atuações também.
Madalena hoje é presente no teatro da vida como protagonista
Atenta ao roteiro
E ao que está por trás das cortinas quando acaba o espetáculo.
– Vanessa Pinheiro, 21.11.2022.

Fotografia: Viviane Rento, 2022.