Aspirar a vida

Foi tanta dor que a rasgou inteiramente

E à refez lentamente, nervo a nervo

Mente e coração. 

Ao ponto dela ter que adentrar-se profundamente em si, para reconhecer-se,

Em vão.

Aquela que ali habitava deixou um vazio 

E desapareceu para sempre. 

Nenhum espelho a refletia 

A dor dilacerou e atravessou quem era 

Ela então teve que parir a si mesmo 

Com a força que encontrou pelo caminho 

E reconstruir-se com carinho 

Para sobreviver em si.

Para conseguir, por vezes, respirar.

Como um bebê teve que aspirar a vida 

Pois faltava-lhe o ar 

No peito um aperto,

Mas lá no fundo 

Uma luz brilhava 

A esperança a guiava 

E sussurrava como o vento 

Que sonhos renascem no amanhã 

De quem decide enfrentar a tempestade 

Para sentir a calmaria. 

  • Vanessa Pinheiro, 06/06/23, Lua Minguante. Todos os direitos reservados.

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