Escola Da Vida

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana” Carl Jung.

O precursor da psicologia analítica sabia o que estava falando. Tocar uma alma humana, chegar ao coração, sendo apenas uma alma humana. Nem metade de uma vida de estudos, caminhos espirituais  ou iniciações te servirá verdadeiramente se você não aprender a tocar o coração humano despido de quem você acha que é. Se você não aprender a ser fraterno, a sentir empatia pelo o que se passa com alguém próximo de nada servirá conhecer tanto.

Eu me lembro quando meu irmão esteve entre a vida e a morte e eu senti pontadas fortes de dor no mesmo local do seu ferimento só que em mim, ao sair de uma visita na UTI, minha tia relatou o mesmo. A dor nos tocou tão forte que se materializou devido o abalo psicoemocional.  Padecemos juntos enquanto família e caminhamos juntos rumo àquela vitória. Um milagre, uma cura.  Aos 21 anos compreendi que a vitória de um irmão é também a nossa vitória. E que a vida é muito mais do que um status social, lugares hierárquicos e dinheiro no banco. Nada disso te ensina sobre o sopro da vida, sobre ressureição, ou sobre milagres. Nenhum capital te ensinará sobre a linha tênue entre morte e vida, sobre a fraternidade universal e nem te ensinará sobre fé inabalável. Nenhuma hierarquia social te ensinará a compreender o outro ou mesmo a si compreender de verdade. Uma vida tem mais chão de aprendizagem do que qualquer histórica Universidade de Howard. E o lugar de cada um aprender está dentro do mistério do tempo, às vezes uma vida inteira não será suficiente para um certo aprendizado, mas construirá algum alicerce espiritual, nem que seja pela dor. Nenhum poder material te ensinará verdadeiramente sobre as profundezas do que está oculto e ninguém te revelará até que estejas pronto. 

Por tanto e por tudo muitas coisas não me encantam e não me iludem. Mas ainda há o que me encanta. Porém, como lembrava um Mestre amigo que já se foi para outro plano, não posso mais dizer que sou inocente. A caminhada não me permite. Não posso mais fingir que vejo luz onde não tem. O que posso é caminhar na realidade da vida, tentando tocar o meu coração e o da minha filha, para um dia sermos mais fraternas e humanas e brilhar em meio a escuridão, independente do que um ser humano ao nosso redor possa representar. Percebi que a simplicidade é como um sertão. Tão vasta e tão profunda, que somente é sentida por quem consegue tocar corações, ou, uma alma humana. Ser mais humano passa por ser mais simples. Tenho observado.  Esta lição, na prática ainda não aprendi, mas já senti pelo caminho que alguns raros buscadores possuem esta habilidade que no mundo moderno tornou-se quase sobrehumana, e que à mim um dia estes tocaram profundamente. À estes minha memória e gratidão. 

Vanessa, 06.02.23 – Lua cheia

Serra Da Bocaina, RJ.

Deixe um comentário